sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Estresse e Qualidade de Vida


Estresse: definição e influência na Qualidade de Vida



França & Rodrigues (1997), descrevem que o termo estresse vem da física e neste campo de conhecimento tem o sentido de grau de deformidade que uma estrutura sofre quando é submetida a um esforço.
Segundo a ISMA (International Stress Management Association) do Brasil o conceito de estresse não é novo, porém somente no início do século XX que os estudiosos iniciaram a investigação de seus efeitos na saúde física e mental dos indivíduos.
A primeira definição de estresse sob este aspecto conceitua-o como qualquer adaptação requerida à pessoa. Esta definição o apresenta como um agente neutro, podendo tornar-se positivo ou negativo de acordo com a percepção e a interpretação de cada indivíduo.
O estresse é constituído por um conjunto de repostas específicas ou não do organismo, diante de estímulos que podem ser externos ou internos, fruto da imaginação ou reais, que são percebidos como pressões e que exigem a ativação de mecanismos adaptativos com capacidade de nos ajustar a essas pressões, propiciando meios adequados de reação e preservando nossa integridade, equilíbrio e nossa vida.
De acordo com Pitliuk (2008), o estresse é provavelmente o quadro clínico mais freqüente existente na atualidade. Onde situações como trânsito, problemas financeiros, profissionais, familiares, doenças, alterações de metabolismo, uso de alguns medicamentos, de álcool, drogas, entre outras, vão fazendo com que nosso corpo produza quantidades anormais de hormônios, como a adrenalina, que age no organismo fazendo com que o sangue irrigue mais o coração, o cérebro, os pulmões e os músculos, isso para que o indivíduo fique alerta, forte e com todos os sentidos aguçados, para enfrentar ou fugir do perigo.
A produção de adrenalina durante certo tempo é benéfica para o ser humano, pois faz com que nosso organismo esteja apto a se defender de agressões, o problema é que as condições de vida atuais fazem com que esse tempo seja muito longo. Cada pessoa é capaz de administrar certo número de fatores de sobrecarga, porém além de certo limite o organismo entra em estresse.
Outra definição é dada por Wiesel (2008), que descreve o estresse como “um conjunto de desequilíbrios” que decorre de cobranças internas e/ou externas onde, sob o aspecto bioquímico, provoca o excesso de radicais livres, aumentando o lixo químico produzido em nosso organismo, sob o aspecto emocional, provoca sentimentos que geram raiva, medo, frustração e tristeza e sob o aspecto comportamental, provoca atitudes que levam a irritabilidade, ansiedade, à depressão, à apatia e ao isolamento social.
Para França & Rodrigues (1997), “o estresse constitui-se de uma relação particular entre a pessoa, seu ambiente e as circunstâncias as quais está submetida” e é avaliada como uma ameaça ou algo que exige dela mais que as próprias habilidades ou recursos e que põe em risco seu bem estar.
O estresse por si só não é suficiente para desencadear uma enfermidade orgânica ou para provocar uma disfunção significativa na vida da pessoa e para que isso ocorra é necessário que outras condições sejam satisfeitas, tais como a vulnerabilidade orgânica ou uma forma inadequada de avaliar e enfrentar a situação estressante.
Ainda segundo os autores supracitados, o estresse ocupacional que é decorrente das tensões associadas ao trabalho e à vida profissional, é considerado como aquelas situações em que o individuo percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador, quando suas necessidades de realização pessoal e profissional e/ou sua saúde física ou mental prejudicam a interação deste com o trabalho e quando este ambiente tem demandas excessivas a ele, ou que ele não contenha recursos adequados para enfrentar tais situações.
Marchi & Silva, afirmam que: “O estresse é um estado intermediário entre saúde e doença, um estado durante o qual o corpo luta contra o agente causador da doença”.
Essa reação tem três estágios:
• Fase de alarme – é uma fase muito rápida de orientação e identificação do perigo, preparando o corpo para a reação propriamente dita, ou seja, a fase da resistência;
• Fase da resistência – é uma fase que pode durar anos, é a maneira pela qual o corpo se adapta à nova situação, é parte do estresse total do indivíduo e se processa de dois modos básicos: sintóxico (tolerância e aceitação) e catatóxica (contra, não aceitação).
• Fase de exaustão – consiste em uma extinção da resistência, seja pelo desaparecimento do estressor, seja pelo cansaço dos mecanismos de resistência. Então, é neste caso que o resultado será o da doença ou mesmo um colapso.

 Sinais de estresse



Para França & Rodrigues, alguns sinais podem alertar para a existência de um possível quadro de estresse:
• Diminuição do rendimento, erros, distrações e faltas na escola ou no trabalho;
• Insatisfação com tudo;
• Indecisão, julgamentos errados, atrasados, precipitados;
• Descontrole na organização de tarefas (adiamento, atrasos, perda de prazos);
• Insônia, sono agitado, pesadelos;
• Irritabilidade, explosividade;
• A concentração e a memória diminuem;
• Reclamações mais freqüentes do que o habitual;
• Uso de férias, feriados e finais de semana para colocar o serviço em dia, ao invés de relaxar e se divertir;
• Ocupar cada vez mais tempo com trabalho e menos com lazer. Parece que o dia normal de trabalho não é mais suficiente para o que tem que ser feito;
• Diminuição do entusiasmo e prazer pelas coisas;
• Sensação de monotonia.

Conseqüências dos sintomas de estresse:



O estresse é o mecanismo que põe em alerta as funções corporais e prepara a pessoa para a ação. Em pequenas doses melhora o desempenho e aumenta a produtividade. Quando o estresse persiste e se torna crônico pode ter efeitos devastadores para saúde e o bem estar, como se pode observar na lista abaixo:
• Cansaço;
• Ganho ou perda de peso;
• Infecções, gripes e outras viroses, por exemplo, herpes;
• A pressão arterial e o colesterol sobem, enrijecendo as artérias e favorecendo o aparecimento de arteriosclerose, derrames, infartos, etc;
• Dores de cabeça, dores musculares, dores de coluna, fibromialgia;
• Bruxismo (ranger dos dentes durante o sono);
• Restlesslegs (pernas intranqüilas, principalmente na cama, durante a noite);
• Má digestão, gastrites, úlceras;
• Prisão de ventre e diarréia, flatulência (gases);
• Acne, pele envelhecida, rugas, olheiras, seborréia, queda de cabelos, enfraquecimento das unhas;
• Diabetes;
• Diminuição da libido, impotência sexual;
• Tentativa de relaxar com álcool, nicotina, drogas e excesso de comida, causando outras complicações ao organismo;
• Doenças psicossomáticas;
• Ataques de ansiedade;
• Transtorno de ansiedade generalizada (TAG);
• Ataques de pânico que podem ou não evoluir para uma Síndrome do pânico;
• Depressão.


Estresse entre os trabalhadores



Dejours (1994), afirma que “a relação do homem com a organização do trabalho é a origem da carga psíquica do trabalho”. Quando o rearranjo da organização do trabalho não é mais possível, quando a relação do trabalhador com a organização é bloqueada, o sofrimento começa. Para o autor, um dos mais conceituados pelas suas pesquisas em psicopatologia do trabalho, os trabalhadores para se adaptarem criam mecanismos de defesa que muitas vezes resultam em processos psicossomáticos, doenças ocupacionais, que entre as mais comuns e citadas nos estudos são as geradas pelo estresse crônico e a depressão.
Zakabi (2004), destaca as profissões campeãs do estresse:
• 1º lugar: Policiais e seguranças privados ficam em estado de alerta 24 horas por dia. A maioria teme represálias dos bandidos e não consegue relaxar nas folgas e férias;
• 2º lugar: Controladores de vôo e motoristas de ônibus. O controle de tráfego aéreo não permite um minuto de desatenção e os motoristas além de enfrentar o trânsito, não tem tempo sequer para ir ao banheiro.
• 3º lugar: Executivos, trabalhadores da área de saúde, de atendimento ao público e bancários. Sofrem pressões de todos os lados, tanto dos chefes como dos clientes, pacientes ou subordinados.
A ISMA-BR (2008), destacou o que deixa os brasileiros estressados:
• Violência
• Medo do desconhecido
• Situação econômica
• Falta de tempo
• Relacionamentos interpessoais
• Longa jornada de trabalho.
Tendo em vista a prevenção do estresse, conclui-se que as empresas deveriam oferecer mais programas especializados, disponibilizando profissionais que pudessem ajudar os colaboradores a cultivar os quatro pilares para sustentarem o equilíbrio, que seriam a auto-estima, a autoconfiança, a flexibilidade e a tolerância, citando ainda que o melhor tratamento para combater o estresse é aquele que abrange as três áreas do distúrbio: a bioquímica, a emocional e a comportamental.
Diante do exposto acima, o que as empresas e/ ou organizações podem fazer para gerenciar o estresse dos funcionários no ambiente organizacional?


2 comentários:

  1. O STRESS É UMA FUGA EM QUE O SER SUBSTITUI COISAS ESSÊNCIAIS EM SUA VIDA PELA MATERIA, QUE NÃO PREENCHEM O VAZIO EXISTENCIAL EM QUE UMA PESSOA SE METE, QUANDO SE ESQUEÇE DE DEUS.
    ONDE EXISTE STRESS QUASE SEMPRE EXISTE UM CASA MENTO ABALADO FILHOS ABANDONADOS EM NOME DE TRABALHO E OCUPAÇÃO.
    REPENSAR CONCEITOS E METAS PARA SE TER QUALIDADE DE VIDA NA FAMILIA QUE É A BASE DE TUDO.

    VISITEM NOSSO CANTINHO.

    WWW.CASAESPIRITADRP.BLOGSPOT.COM

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  2. Luciana,estou para fazer essa visita e só hoje consegui. Parabéns, esse blog compartilha conhecimento, aprendizagem e, ainda mais, funciona como um espaço aberto para refletirmos sobre qualidade de vida. Muitos são os olhares, os da ciência, os das religiões, os da experiência humana.
    Cada olhar não pode avocar para si a certeza de ser o caminho, mas pode ter o importante papel de mostrar mais caminho, como seu blog.
    Abc
    Maysa

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